quarta-feira, junho 27


O Semestre Europeu


A presidência europeia em português vai começar. Há muito que se agita o país político e o país da comunicação social. O espectáculo Sócrates vai ter o seu início na proporção directa da (pseudo) importância da pátria no palco unionista da política internacional. Será mais um português a desempenhar um cargo internacional, obviamente com entusiasmo. E com brilho… provinciano, como é de esperar. Assim como o país real vai (continuar a) esperar. O que é mesmo importante é aquilo que o nosso país faz e tem de pior: trabalhar em eficácia, estratégia e diplomacia.

Em vez de estar muito preocupado com o brilho durante a presidência europeia, Portugal deve aproveitar a oportunidade para ser eficaz, no sentido de fazer andar a cooperação com África, as relações comerciais com a EU/Mercosul e a política marítima. Defendamos os nossos interesses. Sejamos um pouco egoístas como as outras presidências o são, principalmente a dos países com maior peso político e tradição europeia. Ou somos nós a avançar nestes assuntos ou deixamo-los aos países da centralidade geográfica europeia. Façamos o que nos interessa mais. Não serão os polacos e os eslovenos a fazê-lo. Já agora, porque não relançar a discussão para a reforma do orçamento comunitário, mais do lado das despesas do que do lado das receitas? Temos interesse em ver reformado o essencial dos fundos comunitários. Deixemos, por momentos, a PAC de lado (mas sem a perder de vista). Portugal está a sair dos fundos de coesão, por mérito próprio, mas também por meros acertos estatísticos que resultam da comparação com os países de adesão recente.

Daqui podemos passar às verbas direccionais para a investigação e invocação; as novas tecnologias; ao mar; a economia do futuro. Isto significa dar menos relevo as infra-estruturas. Não provoquemos a discussão de um tratado Europeu qualquer, constitucionalista ou generalista. Isso é um problema para quem o inventou. Com esta postura e critérios selectivos a presidência portuguesa será certamente avaliada pela sua qualidade, mesmo que passe mais despercebida na comunidade social avulsa e diária. Nos média especializados será elogiada. Quando alguém quiser investigar o que fez a presidência europeia no segundo semestre de 2007, será neste tipo de documentos que se ira basear e não nos telejornais e nos papéis sensacionalistas.

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