O aborto encontra-se despenalizado em Portugal desde 1984, altura em que terá entrado em vigor a lei citada no post anterior.
Lei essa que, como mostra o post, contempla a interrupção voluntária da gravidez nos casos de perigo de vida da mãe, razões de saúde física e psíquica da mãe, malformação e inviabilidade do feto e violação. Dificilmente nos apresentarão os defensores do SIM outras razões plausíveis para colocar um fim à breve vida do bébé em formação, ou que levantem, naqueles com um resto, que seja, de humanidade, qualquer dúvida quanto à sua intenção de voto no próximo dia 11 de Fevereiro.
Neste referendo o que está em causa não é a despenalização do aborto.
Há oito anos, os portugueses disseram NÃO AO ABORTO! Agora, oito anos volvidos, novo referendo. Que justificação há para tal? Daqui a oito anos, caso vença o SIM realizar-se-á novo referendo? Dúvido. Trata-se de uma busca pelo SIM.
Nota ainda para uma ideia públicada por Tiago Mendonça: A Teoria da Abstenção. Uma situação possível caso os adeptos do não se organizassem conjuntamente e boicotassem a ida às urnas. Com uma abstenção de mais de 70% o referendo não teria valor jurídico e manter-se-ia a lei actual.
De qualquer forma, continuo a acreditar que a questão estrutural desta problemática, nos remete para para um outro aspecto, que do meu ponto de vista é bem mais fácil de perceber e responder: a sociedade portuguesa tem ou não condições para legalizar o aborto?
É esta a pergunta que todos se devem fazer antes de votar. No dia em que toda a gente responda afirmativamente, então niguem quererá fazer um aborto que não esteja já contemplado na lei actual.
Eu sou contra o referendo.
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3 comentários:
O Sim à força toda como referi! Soube hoje que o bloco de esquerda vai gastar 85 mil contos ( contos ) na campanha pelo aborto. Uma questão tão politizada por BE, PCP e PS, em caso de derrota, do que eles mostram ser, uma " iniciativa " eleitoral deve levar a consequências políticas. Acho, como já disse, lamentável a força que se faz para ao fim e ao cabo, se ir contra a vontade já expressa das pessoas. Acredito que muita gente, vá votar no Sim, porque José Socrates, Jerónimo de Sousa e Francisco Louçã dizem que sim. Aos ultimos dois, ainda pode ser perdoável. Ao primeiro, acho lamentável.
Exactamente, não diria desculpável, mas talvez previsível ou aceitável, já que numa ideologia onde o principal inimigo é o Homem, fará todo o sentido promover uma política de morte assistida.
Quanto à teoria do caríssimo Tiago Mendonça, com fundamento legal na Constituição da República, no qual se exige que para o valor do Referendo ser vinculativo, que o número de vontantes seja superior a metade dos eleitores inscritos no recenseamento, faz todo o sentido que assim seja. Todavia, a esquerda já se preparou para esse facto, adiantando-se no discurso com a mensagem de que, se o Sim vencer, independentemente do carácter vinculativo do Referendo, isto é, independentemente das exigências das normas constitucionais, irá legislar na mesma medida, com o apoio da maioria parlamentar.
É a "democracia" que temos...
Cumprimentos
Embora seja a favor do aborto (e opiniões diferente todos podemos ter), concordo que este referendo mais parece uma forma do "SIM" levar a "água ao seu moinho".
Se os portugueses já se tinham decidido pelo não, para quê um novo referendo? Se ganhar o "não", daqui a oito anos far-se-á outro até se alcançar o "sim"?
Contudo, não creio que boicotar o referendo seja solução. Temos que exercer o nosso direito de voto para expressarmos as nossas convicções. Vamos a votos e que ganhe a consciência dos portugueses...mas votem, e façam-se ouvir!
De resto, só tenho que felicitar a Padeira de Aljubarrota pelo seu post bastante oportuno, bem construído e com argumentos sólidos.
E já que há referendo, e nada podemos fazer contra isso...vamos a ele!
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